Doenças e Sintomas

História da Doença de Alzheimer

Doença de Alzheimer: se existe um nome que gera pavor nos pacientes, o qual normalmente é motivado por um esquecimento que habitualmente encontra-se presente em qualquer pessoa, é este... (levar em consideração que alguns pacientes idosos podem apresentar algumas características do Comprometimento cognitivo Leve), Doença de Alzheimer! Mas existem ainda alguns sinônimos mais temerosos; Mal de Alzheimer e Demência de Alzheimer. 

Na primavera de 1864, no Sul da Alemanha, na pequena e pitoresca cidade de Marktbreit, na Bavária, Aloysius Alzheimer nascia. O mesmo, era chamado de Alois (uma forma de apelido). Formou-se em 1888 na Universidade de Würzburg e, após isto foi trabalhar no Asilo Estadual da cidade de Frankfurt am Main. Em 1883, Alois (como veio a ser conhecido) iniciou seu curso de medicina na Universidade de Berlim, curso que completa em 1888, já na Universidade de Würzburg e apresenta sua tese de doutorado baseada no estudo de microscopia. Em 1895, Alois se tornou diretor do asilo e continuou suas pesquisas também em depressão e esquizofrenia. Em novembro de 1901, a paciente August D. de 51 anos de idade, com sinais indicativos de demência é internada no Asilo em Frankfurt e é examinada por Alois Alzheimer. Seria essa paciente que iria originar o epônimo "Doença de Alzheimer". ?

Assim, no 37º Encontro de Psiquiatras do Sudeste da Alemanha (South - West - German Society of Alienists) em Tübingen em novembro de 1906, Alois Alzheimer apresenta oralmente o caso de Algust D. como "uma doença característica do córtex cerebral". Com essa apresentação, que descrevia em detalhes a doença que causava perda de memória, desorientação e alucinações; além de biopsias do cérebro de August, que revelavam uma condição anormal em que o córtex era menor que o normal e apresentava placas senis e emaranhados neurofibrilares. Emil Kraepelin, psiquiatra que descreveu a esquizofrenia e a psicose maníaco-depressiva e foi o pioneiro a sugerir que algumas doenças psiquiátricas teriam uma causa orgânica e também quem trabalhou com Alzheimer na Escola de Medicina de Munique foi quem nomeou a doença em homenagem a Alois Alzheimer. Até 1912, cinco anos após a publicação original de Alzheimer, apenas 13 casos haviam sido publicados. A idade média desses pacientes era de 50 anos, a duração média da doença era de sete anos e seis desses pacientes eram homens. 

Entre 1906 e 1918, Alois publica um tratado em seis volumes intitulado "Estudos Histológicos e Histopatológicos do Córtex Cerebral", fruto de pesquisas do sistema nervoso em parceria com Franz Nissl. Quando na Universidade de Munique, Alois publica um estudo sobre o "Diagnóstico Diferencial da paralisia luética progressiva - Neurosífilis", uma complicação da infecção de sífilis, doença em voga na época (para os cinéfilos vejam “ Do Inferno” com Joony Deepy ou leiam a série com o mesmo nome, de Allan Moore).

Em 1913, a caminho de Blessau para assumir a diretoria do Departamento de Psicologia da Friedirich-Wilhem University, Alois pega uma forte gripe e devido a complicações, não se recupera completamente e morre em 1912, aos 51 anos. Existem divergências em relação a seu óbito. Existem relatos de uma possível endocardite ou miocardite. 

O diagnóstico da doença de Alzheimer ainda é baseado fundamentalmente no que foi descrito por Alzheimer em 1906, apesar de quase um século de pesquisa em todos os cantos do mundo. Esse é um fato marcante e demonstra a importância e a qualidade de sua descoberta. 

Agora que os senhores já obtiveram um pouco da história da demência mais prevalente em nosso meio, vamos abordá-la de uma maneira objetiva.

1)- até o determinado momento não existe PREVENÇÃO clara, porém o diagnóstico precoce do Comprometimento Cognitivo Leve e a correção de Fatores de Risco ajudam muito.
2)- não existe MARCADOR BIOLÓGICO OU EXAME que defina a doença (existem marcadores no PET FDG e marcadores no líquor, porém ainda não são considerados como “fechadores de diagnóstico”).
3)- não existe CURA, no momento
4)- as medicações devem ser utilizadas, pois postergam a evolução da doença e, permitem que o paciente permaneça mais tempo em fases leves. Além da melhora na qualidade de vida, devemos levar em consideração que existem novos medicamentos e procedimentos em investigação que em breve, provavelmente, poderão auxiliar no tratamento da doença. Porém, quase com certeza as medidas mais eficazes serão nos pacientes com graus mais leves da doença. Assim, DIAGNÓSTICO PRECOCE !!!
5)- o diagnóstico precoce favorece o tratamento. Neste ponto, irei tecer alguns comentários. Diagnóstico precoce em Alzheimer não é algo fácil. Em muitos casos, pelo desespero do paciente em ter um problema de memória ou, por pressão da família, dá-se um diagnóstico de forma precipitada. Eventualmente, pode ser um caso de depressão senil ou até mesmo um quadro antigo de desatenção exacerbado pela idade. Por outro lado, pode-se imaginar que a alteração de memória e comportamento seja próprio da idade e ... as vezes não é, desta forma é importante avaliar com calma estes tipos de queixa.
6)- o ideal é realizar uma avaliação neuropsicológica para que avalie-se de forma adequada e minuciosa todas as esferas cognitivas do paciente. 
7)- PACIÊNCIA. Novamente em letras garrafais: PACIÊNCIA E MATURIDADE. Não adianta discutir ou cultivar qualquer tipo de implicância ou competição infantil com um paciente com Demência (independente do tipo). Quando o paciente ficar repetindo a mesma coisa, quando colocar na cabeça que aquela não é a casa dele ou, simplesmente sem mais nem menos começar a implicar com algum membro da família... Não é por mal. Sempre ouço o mesmo argumento, olha mas ele (a) já era teimoso, já era temperamental e etc ... Não importa, isto ERA, quando o paciente encontrava-se lúcido. Não é mais o caso, portanto, para os portadores de uma mente sã, aprendam a possuir um pouco de maleabilidade (o termo correto é jogo de cintura), empatia (ver-se no lugar da pessoa enferma) e maturidade (parar de querer competir com um indivíduo com a doença como se ele fosse um adolescente) e cuidem bem desta pessoa de forma gentil e amável.
8)- se sua mãe foi ou é portadora de Alzheimer, isto não significa que você apresentará a doença. No entanto, em vigência da possibilidade de existir o gene da APOE4, cuide-se! Controle bem a pressão, controle o colesterol e faça atividades físicas (o contrário disto faz a APOE4 depositar mais placas senis no cérebro).
9)- o paciente com Alzheimer tem que ser tratado com amor, cuidado e respeito até as fases finais da doença.
10)- apesar da casuística inicial de Aloysius, a doença começa à aparecer mesmo é após os 65 anos na grande maioria das vezes.
12)- INFELIZMENTE, até o determinado momento não existe nenhum medicamento para memória (os medicamentos utilizados no Alzheimer são para tentar postergar a doença). Principalmente para quem não possui a doença.
13)- Quadros de desatenção arrastados desde a infância fazem com que adolescentes ou indivíduos adultos achem que estão com a memória prejudicada. Basta uma avaliação neurológica adequada e eventualmente pouco de medicação psicoestimulante (é o termo técnico) e o problema melhora bastante.